Julho de 1975
Julho de 1975
(O dia em que o campo amanheceu branco e entardeceu negro).
Naquele dia
O verde desapareceu,
Nas bocas emudecidas,
O silencio encolheu-se
Nos bicos dos pássaros
Nos ramos secos
Dos arbustos.
Naquela manhã
Desnudada de folhas,
O homem de brim cinza
Enxugou a umidade
Nos cantos dos olhos.
A mulher levantou os olhos ao Céu,
Rezou, rezou mil preces a Deus.
Naquela tarde
Os cães e gatos recuaram
Sob os bancos
Como se lessem,
Na natureza ressentida,
As tristezas recolhidas
Dos donos.
Naquele dia,
Os pratos ficaram esquecidos
Na falta de apite coletivo.
A casa grande desenhou
A pressa esquecida,
Daquelas botas de couro,
Daquele chapéu panamá
Da ronda matutina adiada.
Naquela noite,
Veio o pesadelo lido,
Em cada folha caída,
O sono pesado
Nos olhos trancados,
Na espera do verde
Do próximo amanhã.
A geada não matou apenas o verde,
Matou também um montão de esperanças,
E adiou os sonhos
Daqueles homens e mulheres do campo!!!