POEMA: MINHAS REMINISCÊNCIAS

Longe da casa paterna

Eu sinto imensa saudade

Do meu tempo de menino

Das coisas da mocidade

Dos beijos de mãe querida

Da sua triste partida

Em busca da eternidade

Naquela casa gentil

Eu doutrinei minha escola

Lendo Gustavo Barroso

Machado de Assis e Zola

E como Vate robusto

Metrifiquei como Augusto

As sextilhas da viola

Naquela linda alpendragem

Li Catulo da Paixão

Os sonetos de Junqueiro

Bocage e Raul Brandão

Joaquim Nabuco e Tobias

E depois Gonçalves Dias

Poeta do Maranhão

Naquele alpendre sublime

Fiz muito repente lindo

Ouvindo a voz do canário

Na galha do tamarindo

O meu poema rimado

Deixava o povo encantado

E o mundo inteiro sorrindo

Naquele lar tão fantástico

Eu tive a vida mimada

Mesmo sem mamãe querida

Nunca ali me faltou nada

Porque minhas velhas tias

Foram belas companhias

Dentro daquela morada

Quase sem ouvir conselho

Segui minha vocação

De repentista letrado

E cantador do sertão

Embora para sofrer

Só deixo quando morrer

Minha nobre inspiração

Aquele casarão lindo

Por lá não existe mais

Meus avoengos morreram

Por lá morreram meus pais

Só resta como lembrança

O meu tempo de criança

Nestes versos magistrais

Nestes versos populares

Falei com todo pudor

Da velha casa paterna

Berço do meu genitor

Reduto da minha gente

Onde encetei meu repente

Depois virei cantador

Naquele cenário amigo

Passei minha mocidade

Lendo bastante e cantando

Os dramas da humanidade

Como criança esquisita

Procurei ser eremita

Desde a minha tenra idade

Autor: Antônio Agostinho

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 30/10/2015
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