Não esqueço da minha pequenez
Eu não esqueço da minha pequenez
do quanto vivi,de onde vim
vim das mais auras terras
brandadas pela aridez
dos que buscam sedentos o pão de comer
Onde os pés
de palmeiras
eram sombras
de suplente escasso
Vivi onde a dureza
dava as mãos á pobreza
nasci onde a alegria
era estar junto a quem se ama
Não esqueço de como vivi
correndo pelas estradas de terra
como um curioso para o mundo em que vi
Onde o pardal e o canário
se juntavam para cantar o amanhecer
prontos para dar um bom dia
aqueles que lá se encontravam
Era feliz
e então notei que a felicidade
é se contentar com o pouco que se tem
Descalços corríamos
pela casa
á procura do amigo
que se escondia nas sombras das cortinas
Há muitas recordações
mais nenhuma melhor do que aquela
que comíamos a comida na panela
junto a parentela
quando crianças corríamos
pelos pedestais
das igrejas noviças
das clarissas
vida que não se foi
mas permanece
exumada junto ao passado
latente e receptível
que nunca me esquecera
vida tranquila
no coração nenhuma ferida
a abrandar a alma
remédio salutar
para os soluços do espírito
menina pequena
com olhos brilhantes
a me arrodear
checando se estivera bem
junto aos desdéns
palavras de calamidade
que jorravam do peito
daquele que não fala
coração gritante
ao silencio da noite
se esvai como queda de cachoeira
dias brilhante
que nunca mais passaram
pois permanecem gravados
em cada ser suas emoções.
Poesia: Gilberto Pereira