Canoa de centreiro
Canoa de centreiro
Por Fernando Silva
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Canoa de centreiro
De palha, de frutas,
Farinha da boa, tabaco,
Notícias de lá,
Das bandas do Tacuandeua
Na popa um rosto enrugado
As mãos calejadas,
E o remo não pára...
Ao meio duas almas falantes
Uma cantiga em dissonante
Somente uns dois versos...
Me trouxe encomenda,
Lembrança de alguém?
Muita fadiga, fome também...
Se abanque,
tome um café com beiju,
ou simples mesmo...
uma água de pote,
um camarão com chibé,
isso sim ia bem...
Conte das novidades!
O que há de lá?
Mulher, amassa o açaí,
Traz pra cá o alguidar,
Não demora pra gente almoçar...
Novidades de lá não trago
Ta tudo como d’antes,
Mutuca, muriçoca, o campo verdejante,
Os velhos cada dia mais,
Moços não tem bastante,
Morreu tio Cândido,
Ficou só tapera....
Por essas bandas o que há de novo?
Molecada crescendo,
Mulher parindo,
Peixe tá pouco,
Vai melhorar,
Praga mesmo só no mangal...
Padre esteve aqui pela Paixão,
Fez batizado,
Rezou missa, casou gente
É a vida da praia...