Ao Chile
Minha poesia
(Uma homenagem ao Chile)
É esta filosofia,
Escrita na saudade
De cada dia.
É esta paralisia
Que empresta
Sentido a vida
Que não se mede
No que se vive,
Mas nas saudades
Do que se sente.
Minha poesia, salvo engano,
Esta no bico do pelicano,
No grito do gavião,
Nas asas do condor,
Na bandurria austral.
No Nandu-de Darwin.
Minha poesia vem
Da pimenta defumada,
Do sabor da empanada,
Do fogo de chão
Da truta e do salmão,
Do peixe no prato.
Minha poesia vem
Do tilintar das taças,
Do choro dos vinhos
Da doçura das vinhas,
Do chiar das cascatas,
Dos leões-marinhos.
Minha poesia flutua
No azul dos lagos,
Nos penhascos sem fins
Nos picos nevados,
Nas rosas, nos jardins
Nos pendões dos capins.
Minha poesia passeia
Por entre as praças
Pelo relógio de flores,
Pelos brincos das taringas,
Pelas ruas arborizadas,
Pela liberdade dos barcos.
Minha poesia é lembrança
Da vista da casa de Neruda,
Da Armada e da La Moneda,
De Santa Lucia e de San Sebastian.
Do Chile de Allende,
De toda aquela gente.