De longe
Já faz tanto tempo,
te observo de longe,
vejo a mulher que te tornartes,
uma pluma entre prédios de concreto,
flutuando no cinza de uma cidade fria,
sorrindo com teus olhos esverdeados,
ocultando a tristeza de um passado esquecido,
um amor mal resolvido...
Já fazem anos,
te vejo pela janela da minha alma,
observo a flor que desabrochou em ti,
cor em um mundo monocromático,
perfumando uma paisagem de solidão,
mostrando a leveza em poucos gestos,
escondendo o sofrimento causado por um tolo,
uma paixão encerrada com dolo...
Já nem conto mais as horas,
tua imagem reflete no relógio,
me encanto com a fortaleza que desenvolvestes,
ternura na firmeza de palavras e decisões,
esquivando-te dos espinhos do canteiro,
alfabetizando nas letras da solidariedade,
fugindo ao medo de jamais confiar novamente,
um sentimento destruído por um demente...
Já não há mais dias para perdões,
passas por mim sem que me notes,
cindi-me às sombras de noites sem luas,
opaco morcego de pés enraizados no chão,
buscando a certeza de teu bem estar,
mas distante o suficiente para te manter segura,
evitando um retorno que cause mais mágoas,
um motivo para continuar afastado por muitas léguas...