CASA GRANDE
Seu passo é indolência,
Marcado pela mesmice das folhas
Que perderam o verde e o viço.
Seu rumo é lugar algum,
Perdido entre petrechos mal dormidos,
Na casa grande outrora doirada.
Macilento, mastiga a própria língua,
Vendo o desdém da despensa em teias:
Úbere seco, sem qualquer valia.
Uma cantinela oca, repleta de inessência,
Fere seus ouvidos carentes de interlocução,
Pendurados em arestas de silêncios.
Sua vida sempre repleta de vírgulas,
Embaraça-se na agudez solerte
Do ponto final de se insinua agora.
Deambula assim, sinuoso e só,
Por seus guardados melancólicos,
Arremedando uma sinfonia dorida.
Por fim, arrefecem-lhe a alma
E seu corpo convertido em cansaço.
Dobra-se sobre si, em concha,
E se distrai bebendo as nulidades,
Na fluidez da tarde que se doura no telhado.