CASA GRANDE

Seu passo é indolência,

Marcado pela mesmice das folhas

Que perderam o verde e o viço.

Seu rumo é lugar algum,

Perdido entre petrechos mal dormidos,

Na casa grande outrora doirada.

Macilento, mastiga a própria língua,

Vendo o desdém da despensa em teias:

Úbere seco, sem qualquer valia.

Uma cantinela oca, repleta de inessência,

Fere seus ouvidos carentes de interlocução,

Pendurados em arestas de silêncios.

Sua vida sempre repleta de vírgulas,

Embaraça-se na agudez solerte

Do ponto final de se insinua agora.

Deambula assim, sinuoso e só,

Por seus guardados melancólicos,

Arremedando uma sinfonia dorida.

Por fim, arrefecem-lhe a alma

E seu corpo convertido em cansaço.

Dobra-se sobre si, em concha,

E se distrai bebendo as nulidades,

Na fluidez da tarde que se doura no telhado.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 01/09/2015
Código do texto: T5367363
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