Cronótopo

Era uma vez ... olhava-se no espelho, sabia que seus seios pareciam duas peras frescas para serem colhidas.

Duas pequenas curvas que se abriam levemente para desenhar-lhe um colo mimoso.

Após, o banho, ela os contemplava. Era bonito olhar para eles. Sabia-se assim, mulher e moça.

Mas, o tempo, que a tudo impõe sua marca chegou-lhe fulminante e tal como a lua fugidia, tal como as marés, tal como uma breve estação de primavera apresentou-se grave.

Sem fotografia.

Na ante sala, a curva delicada do seio da musa renascentista, agora, em outra sala, a placidez da natureza morta.

Ao modo de uma pintura expressionista, dois lírios pendidos, vergando para a grama do jardim, após uma longa estação de chuvas e ventos, assim, estão seus seios e suas memórias.

Kaminski
Enviado por Kaminski em 10/07/2015
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