Cronótopo
Era uma vez ... olhava-se no espelho, sabia que seus seios pareciam duas peras frescas para serem colhidas.
Duas pequenas curvas que se abriam levemente para desenhar-lhe um colo mimoso.
Após, o banho, ela os contemplava. Era bonito olhar para eles. Sabia-se assim, mulher e moça.
Mas, o tempo, que a tudo impõe sua marca chegou-lhe fulminante e tal como a lua fugidia, tal como as marés, tal como uma breve estação de primavera apresentou-se grave.
Sem fotografia.
Na ante sala, a curva delicada do seio da musa renascentista, agora, em outra sala, a placidez da natureza morta.
Ao modo de uma pintura expressionista, dois lírios pendidos, vergando para a grama do jardim, após uma longa estação de chuvas e ventos, assim, estão seus seios e suas memórias.