Testamento-
Testamento
Se enterrado eu for, plante orquídeas
Um enorme cacto sobre o meu túmulo
Para absorver a lunática seiva dos ossos;
Regue-o todos os dias
Com o colorido pranto
Daqueles que amam e alimentam poesia.
Peço ao lado um poço dos desejos
Velando as lágrimas por um beijo que nunca existiu,
Um imenso livro em branco
Resumindo a passagem
E o rascunho dos perdidos passos.
E quando chegar outubro
Leve sempre ao túmulo as vozes dos meus
Não para servir-me de consolo
Mas para conter o choro, os restos do adeus.
Rogério Germani