Testamento-

Testamento

Se enterrado eu for, plante orquídeas

Um enorme cacto sobre o meu túmulo

Para absorver a lunática seiva dos ossos;

Regue-o todos os dias

Com o colorido pranto

Daqueles que amam e alimentam poesia.

Peço ao lado um poço dos desejos

Velando as lágrimas por um beijo que nunca existiu,

Um imenso livro em branco

Resumindo a passagem

E o rascunho dos perdidos passos.

E quando chegar outubro

Leve sempre ao túmulo as vozes dos meus

Não para servir-me de consolo

Mas para conter o choro, os restos do adeus.

Rogério Germani

Rogério Germani
Enviado por Rogério Germani em 23/05/2015
Código do texto: T5251555
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