Pela janela
O ônibus chegou, sei que ainda é cedo, mas já vou embarcar e me acomodar em meu assento, na janela, claro. É através dela que viajarei com meus pensamentos na pessoa amada, nos momentos vividos, na saudade de quem já se foi e nos sonhos que ainda não realizei, mas que ainda vou realizá-los. Já acomodado, vejo a fila lá fora, igualmente a mim, quantos também não se porão à janela para partir, viajando em seus pensamentos?
É... Cada um com suas memórias, felizes, infelizes, saudosas e/ou àquelas que apertam o coração, fazendo-o se apequenar diante de sua lembrança. Olho novamente lá fora, aos poucos a fila se desfez, todos se encontram embarcados. De forma discreta, olho o semblante de todos... Cada um viaja com o seu segredo, sua ilusão, seus sonhos. Enfim o motorista dar a partida, todos se aquietam, é como se esse fosse o momento de nos desligarmos da realidade e nos ligarmos nas lembranças que nossas memórias estão prontas a nos mostrar. Volto-me às minhas memórias, sempre a olhar pela janela e totalmente entregue às lembranças, revivo momentos inesquecíveis da minha vida, da minha história. Cada poste que vai ficando para trás, parece uma lembrança passada. De repente, uma cena me desperta, uma criança acompanhada de sua mãe, me acena com um tchau... Isso me fez lembrar de quantas vezes fiz isso, quando criança, e os ônibus de viagens passavam em minha rua. Sorri e acenei de volta, o que fez acriança também sorrir e prosseguir seu caminhar com um sorriso no rosto. Volto-me ao interior do ônibus, um casal conversa, outros, acreditem, já dormem, uns estão em seus celulares e outros tantos estão fazendo o que voltarei a fazer: Sonhar acordado olhando pela janela.
Luiz Santos
Rio de Janeiro – RJ