RASCUNHO DE UM POEMA PARA SANDRA
Prometi fazer um poema pra Sandra.
Aquela linda flor que foi-se anteontem
Porém, minha mão treme, e o peito sangra
E temo que meus versos desapontem
Como é que se promete coisa assim?
Quando se vive, faz-se brincadeiras
O nascer do sol jamais terá um fim
E os amigos riem de muitas maneiras
Descubro uma partida inesperada
Como são inesperadas as semanas
E desalmada foi a despedida
Eu não sabia que não mais veria Sandra.
Um dia ela contou-me amar a vida
Queria que em algum verso isso eu dissesse
Mas se foi demasiadamente cedo
Esqueci-me que o amor não é pra sempre
A promessa jamais seria cumprida
Contudo, hoje estou só e tenho medo
"Não tenha", me dizia ela, a flor querida
Que conhecera bem os meus desejos
Algo em comum nos deu cumplicidade
Ferida fora a flor na meninice
Aquela dor no escuro da cidade
"Mas o futuro basta!", um dia eu lhe disse
E prometi-lhe um poema, que besteira
Que futuro agora existe, ó eterno Deus?
Lá fora o vento agora arrasta a poeira
E não me fresta nada mais de meu
Prometi fazer um poema pra Sandra.
Não, ainda não cumpri minha promessa
Pois isto é só um rascunho que desanda
E não perdi ainda esta maldita pressa