OUTRORA
O luar já não prateia como antigamente,
O violeiro não soleia tão candentemente,
Por que tudo isso ? Por falta de amor ?
Não será o tempo, que consome a gente,
Ou a inflação que assustadoramente,
Nos obriga e cativa-nos no labor ?
Já não se encontra aquela amizade,
Que antigamente dava-nos saudades,
Quando se era obrigado a afastar...
Hoje, não sei se pela facilidade,
Muda-se sempre para uma outra cidade,
E não sei porque, poucos ficam a nos lembrar.
Talvez dada a facilidade de comunicação,
Que hoje dispomos, quase sempre à mão,
Não se alimenta saudades doloridas...
Outrora era diferente, isto não existia,
O coração falava pela gente e o poeta escrevia,
Canções saudosas, de sua alma sofrida.
Os argumentos hoje são bem outros,
Já não se fala mais em belo potro,
Fala-se em jatos e nave espacial...
Assunto culminante hoje é energia,
Petróleo, que encarece dia a dia,
Estopim de guerra mundial.
Quando a palavra estava com o poeta,
Que fazia suas rimas e sua principal meta,
Sempre foi e mesmo assim será o amor...
Tudo parecia tão, tão diferente,
Que até o coração que fala pela gente,
Era mais humano, tinha mais calor.