Ouço murmúrios dos velhos e dos cantores sussurantes de um rádio antigo

Vejo o estertor do moribundo que teve infância mas esquecera da felicidade

Apalpo o vento e ele se assemelha ao muro de uma vergonha que se perde

Fico pasma em sentir a solidão que me acostuma e minha dona está adulta

Sozinha estou, de coloridas mechas urdidas pelo mofo, pensando saudades

Ao meu redor um mudo mutante de realidades sem comunhão ou utilidades

A minha ilusão é estar atenta ao que a minha dona agora pode se recordar

Lembro dela, sua criancice, suas lágrimas, minha amiga de farsa e sonhos!

Estarei de pé, aflita ou orgulhosa, pois a minha mestra foi a mais iluminada!

E pronta estou, para ela voltar a mim ou arrumar brinquedos pelo passado

A sua saudade é a  minha memória, meu tempo ido, e inerte na cama limpa

Dia virá em que seus sonhos tardarão a me elevar entre os seres divinos!

A minha dona de antes, por ora é a outrora boazinha dentre sete irmãos...

Veremos se ela jamais me esquecerá e temo secar ao Sol desarrumada... 
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 02/03/2015
Código do texto: T5155115
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