Ouço murmúrios dos velhos e dos cantores sussurantes de um rádio antigo
Vejo o estertor do moribundo que teve infância mas esquecera da felicidade
Apalpo o vento e ele se assemelha ao muro de uma vergonha que se perde
Fico pasma em sentir a solidão que me acostuma e minha dona está adulta
Sozinha estou, de coloridas mechas urdidas pelo mofo, pensando saudades
Ao meu redor um mudo mutante de realidades sem comunhão ou utilidades
A minha ilusão é estar atenta ao que a minha dona agora pode se recordar
Lembro dela, sua criancice, suas lágrimas, minha amiga de farsa e sonhos!
Estarei de pé, aflita ou orgulhosa, pois a minha mestra foi a mais iluminada!
E pronta estou, para ela voltar a mim ou arrumar brinquedos pelo passado
A sua saudade é a minha memória, meu tempo ido, e inerte na cama limpa
Dia virá em que seus sonhos tardarão a me elevar entre os seres divinos!
A minha dona de antes, por ora é a outrora boazinha dentre sete irmãos...
Veremos se ela jamais me esquecerá e temo secar ao Sol desarrumada...
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