A Volta
Natal não acredite
Se me dizem forasteiro,
Eu já era daqui
Antes do meu dia primeiro.
Te conheço por atavismo,
Por visões de ancestrais.
São daqui meus avós e bisavós,
São daqui os meus pais.
Do velho Alecrim
Aos becos das Rocas,
Tirol, Quintas e Carrasco,
Tudo me salta à “memória”
A cada canto que passo.
Lembro a antiga Ribeira:
Peixe no Canto do Mangue,
O vento cheirando a sal.
Potengi, porto, estação,
De onde se vê no horizonte
A Redinha, a ponte,
E as velas brancas no rio
Numa imagem de cartão-postal.
Alecrim, final de feira.
Quando o dia escurece,
As barracas se vão,
Deixando lama e poeira,
E um chão coberto de grãos.
Lagoa Seca já era Seca
E o Barro Vermelho lá está,
Como vermelhos estão meus olhos
De uma saudade que vim matar.
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Fiz estes versos quando retornei a Natal, depois de 35 anos ausente.