A Volta

Natal não acredite

Se me dizem forasteiro,

Eu já era daqui

Antes do meu dia primeiro.

Te conheço por atavismo,

Por visões de ancestrais.

São daqui meus avós e bisavós,

São daqui os meus pais.

Do velho Alecrim

Aos becos das Rocas,

Tirol, Quintas e Carrasco,

Tudo me salta à “memória”

A cada canto que passo.

Lembro a antiga Ribeira:

Peixe no Canto do Mangue,

O vento cheirando a sal.

Potengi, porto, estação,

De onde se vê no horizonte

A Redinha, a ponte,

E as velas brancas no rio

Numa imagem de cartão-postal.

Alecrim, final de feira.

Quando o dia escurece,

As barracas se vão,

Deixando lama e poeira,

E um chão coberto de grãos.

Lagoa Seca já era Seca

E o Barro Vermelho lá está,

Como vermelhos estão meus olhos

De uma saudade que vim matar.

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Fiz estes versos quando retornei a Natal, depois de 35 anos ausente.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 19/02/2015
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