Terrícola

Na trilha da rua que seco, levemente danificada por meu passo.

Carrego a areia do tempo e o espaço dos meus sapatos.

Sendo assim, caminho tanto tempo, me detendo a contar a jornada.

Me alimentando de olhos desesperados,

e um deles me observa mais que a mim.

Porém, tivesse eu um caminho esperado onde ninguém me visse passar.

Quisera eu me igualar as ruas em todas as estações esperadas e possuídas por um deus – que não possuo.

Quisera eu contar as voltas que pensei do lugar que saí. E reaver os ponteiros do tempo que me acompanha, num suspiro, num alívio de me ater em pleno inverno hoje; Quisera eu me igualar.

Corto o vento seco da tarde na esquina onde paro, e permaneço inerte ao tempo andado.

Minhas mãos fechadas em declive, igualmente cortadas pelo frio.

O tempo é muito frio.

E tenho muito o que caminhar até em casa,

E tenho muito o que caminhar até chegar.

Jana Canuto
Enviado por Jana Canuto em 21/01/2015
Código do texto: T5109390
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