Entardecer com os Pardais
Recordo inda do tempo infante
A algazarra à tardinha dos pardais
Revoando em súbitos rasantes
Todos a murmurar seus recitais
Ao tempo pareciam suplicar
Que não deixasse findar o dia
Queriam continuar a voar
Sem o véu da noite que caía
Pela penumbra enfim vencidos
Quedavam silentes afinal
Aguardando o calor vespertino
Para sua revoada matinal
Após muitos anos passados
Revivi este sublime momento
Pasmo fiquei angustiado
Por tê-lo perdido tanto tempo
Então me dei conta que os pardais
Todos dias nos brindam esta beleza
Revoadas, acrobacias, cantos guturais
Perdidos pelo dia a dia e sua correnteza
Hoje espero a calmaria da tarde
Para em silêncio, extasiado apreciar
O doce, majestoso e sonoro alarde
Eu e os pardais à noite a esperar