Reclusa
Sem nunca ter ido,
você conseguiu voltar
ao abrigo de paredes envelhecidas,
de teto velho, já escurecido.
Sem junca ter ido,
você conseguiu voltar,
colheu pétalas, desfez-se as flores,
trono dos sonhos, reino dos amores.
Sem nunca ter ido,
você conseguiu voltar
ao ponto de encontro,
ao amor retraído,
aos ventos que bravios, quase machucavam.
Sem nunca ter ido,
você conseguiu voltar
ao seio que foi sempre nosso,
ao mundo recortado,
feito apenas por um pequeno recanto
onde o negro se fez colorido.
Sem nunca ter ido,
você conseguiu voltar
pra tudo que é seu
e onde nunca foi somente meu,
onde nada foi devastado, consumido.
E você conseguiu voltar,
sem mesmo, nunca ter ido.