TEMPO DE SONHOS

Naquele tempo ditoso,
Havia sonhos, havia,
Contagem de estrelas,
Uma lúdica poesia,
Brincadeiras de pega/pega,
Cobra cega,
Passa anel,
Sob um luar esplendoroso,
Ornamentando o céu,
Havia pipas ao vento,
O sutil encantamento,
De ser uma delas.
Naquele tempo inocente,
A vida fluía livremente,
Havia desenhos no caderno,
Cantigas inventadas,
Contos de fadas,
Estórias de era uma vez,
Retinas fascinadas,
Com as flores dos ipês,
Havia sim, a pobreza,
Mas, havia a delicadeza,
A certeza,
Do colo fraterno.
Naquele tempo sem muros,
Sem medo do futuro,
Havia a alma palpitante,
Perplexa ante,
A magia do sol nascente,
Havia uma empatia,
Da alma com a natureza,
E ela se fazia princesa,
Se estendia divinamente,
Pelos campos floridos,
Havia um voo ido...
Por ignorado sentido,
Com asas angelicais.
Naquele tempo magnetizado,
Traçado sem rasuras,
Havia um estado de ternura,
Um aventurado eu,
Que no tempo se perdeu,
Havia; não há mais.