BLUSA DE CROCHÊ
Ao tecer a blusa
Quanta conversa jogada fora
Quantos silêncios segregados
No íntimo dos pensamentos
Às vezes "puxados", buscados
Dos confins do labirinto
Que é o cérebro da gente!
Ao tecer a blusa
Quanto tempo planejado
Na perfeição do desenho
Quantos suspiros contidos
Para não macular o momento
De arrematar com talento
Mais um miolo de flor!
As mãos já estão cansadas
Os dedos valentes enfrentam
A fina agulha de aço
E é assim que por hoje
Se tece mais um pedaço
Da fina blusa de linha
Que aos poucos ganha vida
Entre folhagens e laços!
Blusa de crochê rendado
Toda em azul matizado
Como um céu recém surgido
De manhã de primavera!