Sonhar, sofrer e amar...
(...) sexagenária,
relances de criança
beijo da canção imaginária;
lembro, como nem sei que idade,
fingia dormir pra me sentir feliz
ou ficar acordada pensando
nas fadas ou de tristeza calada;
quase não me sentia crescer
para conhecer a vida, ainda hoje,
tanto sei e nada sei;
é incrível saber e me sentir
aquela louquinha apaixonada,
sonhadora, mal amada;
queria tudo, sabia nada,
ainda hoje, sei que sei
que amei, que amei;
sou tudo e nada, criança,
mulher, amiga, mãe, avó e
quem mais vier, se pra sorrir,
sonhar, sofrer, amar, e amar;
envelhecer e ser minha
eterna criança, deusa da
esperança, estrelinha
que não cansa, sempre alcança.
Marisa de Medeiros