LENÇO VERDE
Meu verde lenço chimango,
companheiro de fandango,
de rodeio, de carreira...
Tu és, de certa maneira,
um amigo e xucro abraço
que em cada ponta do laço
verde, cor de coxilha,
trazes um pouco da História
entreverada com a glória
da tradição farroupilha.
És verde, cor da esperança!
És bandeirola de lança,
meu fiel pendão de crença
que revida toda ofensa
e não se micha a um desacato.
Com teu irmão maragato
és tarja numa bandeira
que ao tempo e ao vento expande
a honra de meu Rio Grande
ante a Nação Brasileira!
Também és da cor do mate...
E não há quem bem te retrate
em todas as voltas da sina.
Secaste pranto de china...
Paraste sangue em ferida...
por essas estâncias da vida
por onde andaste abanando.
Contra o frio me foste manta
e até me apertaste a garganta
pra ninguém me ver chorando...
Hoje, velho, és quase um trapo
de legendário farrapo
à espera, só, de um jazigo.
Para onde irás, junto comigo,
ao fim da longa batalha
do rude poeta incréu.
Serás lufada de minuano
levando em teu último abano
minh'alma junto p'ra o céu!