Lembrança
Do fogo para água tempera o metal,
Pancadas certeiras e desafinadas,
Concorrem com o grito do peixe-frito,
No angustiado amanhecer das montanhas.
Dando lugar à neblina silenciosa,
Abre-se a cortina ao sol,
Brilhando os pingos do orvalho,
Sobre flores e o capim melado.
Amarga o leite materno,
Pela angustia da solidão,
Apenas sorri ou chora a criança,
Do fogo para a água em tempero da vida.
Veste o dia calor e ruído,
Fere o silêncio, aperta o coração,
Destempera o metal, cala o peixe-frito,
Cheira gostoso o primeiro café.