Lembranças vívidas
Hoje, palmilhando o mesmo caminho de sempre, triste, pensativo, sentindo a falta de queridos amigos, trovava eu, numa solidão perene, versos antigos de tempos vividos, agora ocultos no limbo mente. O sereno minha face cobria, gélido, enrijecendo a fronte lívida. Soprava o vento, ameno, singelas ondas de nostalgia, trazendo lembranças puras de longínquos tempos, dissolvendo-me na infinidade de pretéritos momentos
que eu vivi e já não mais me lembro.
Ah, sim, era o vento frio que me despertava, era a frigidez da carne que me libertava das celas que me prendem do passado.
Passados sonhos de uma vida antiga por sobre meus olhos translúcidos se manifestavam. Eu via com a alma o menino inocente, puro, simples, de moletom, correndo alegre pela aragem fria. Ah, se não fosse pelas lembranças com certeza não acreditaria.
E fui mais fundo, revolvendo o cosmo das lembranças, sentindo a sensação profunda de vivenciar o mundo pelo olhos singelos daquela criança. Só havia a extensão do momento, da vontade de brincar, sem nenhum conhecimento, livre do demônio de pensar. E todo sentimento intenso do passado, toda a nostalgia intensa que me apossara, em mim já não existia mais. Foi então, naquela tarde de inverno, olhando para a abóbada celestial, contemplando toda sua beleza magistral, que percebi ao reviver o já vivido é torná-lo mais intenso e vívido só porque já não o temos mais...
"Um outro eu está relembrando estas palavras que agora escrevo, olhando pelos meus olhos através dos próprios sentimentos, conectando passado, presente e futuro numa rede de lembranças"
"Vivamos profundamente o momento que nos é dado, amemos quem nos ama com o máximo de calor sentimental, pois sei que no futuro nossos eu's nos relembram nostálgicos por não terem vivido mais intensamente o momento que lhes foi dado."