POEMA ESQUECIDO
POEMA ESQUECIDO
Num sutil levedar,
Asas abertas rumo ao mar
Aos olhos de Deus...
Um pouso no pensar,
Sem abotoaduras,
Falas amargas, farpas, minutas...
Apenas o flerte do agora,
Sopro de entrega,
Levedura...
Meu céu feito de espera,
Estrelas de bocas entreabertas...
A engolir a pressa,
A pousar na letargia...
Sonho com o sol na alma,
Com a ânsia crua,
Do nada a impregnar as sombras,
Do tudo que o universo pronuncia...
Deito minhas asas no secreto beijo
Da madrugada fria,
Dialogo com o espaço,
Aprendo, degusto o tudo...
Que não sou,
E engordo no vento do tempo...
Mastigo, o sabor da vida,
Num verso embevecido...
Me esqueço nas pautas da luz
Confundo-me no azul...
Perdido no horizonte
Respiro o silencio,
Contemplo...
O rastro do momento
Consumido.
Marisa Zenatte
* Direitos Reservados