Aquele poema

Aquele poema ficou

impregnado na alma depois

que passou pelos meus olhos.

Ficou assim,

feito uma belíssima tatuagem

incrustada na pele.

Aquele poema resistiu ao tempo,

dormindo, suavemente, entre as páginas

de um velho livro.

Mas estava lá, sempre à disposição

quando um amor novo

chegava ou quando um amor velho partia.

Sempre renovado em cada verso.

Sempre imortalizado em cada palavra.

Aquele poema acordou os pássaros

que moram em meu peito e os

fez voar, em revoada, mundo afora.

Também me deu umas asas,

não como as de Ícaro que derretiam

sob o calor do sol.

As asas que aquele poema me

deu eram de imaginação.

Estavam sempre dispostas a me levar

a algum lugar novo, desconhecido,

ou mesmo a revisitar velhos mundos.

Aquele poema, de quando em quando,

inundava meus olhos de lágrimas e

enchia o peito de uma

melancolia sem explicação.

Mas também trazia alegrias,

sabor de alguma felicidade recôndita,

que me visitava sempre com um

sorriso largo, uma flor na mão,

ou mesmo algum outro verso.

Aquele poema era,

Simplesmente, Manuel Bandeira.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 02/04/2014
Código do texto: T4753745
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