As nuvens escuras passageiras,
Vejo em movimentos lentos,
Como um comboio de flocos
Em formas e tons cinzentos
Às vezes desenhos de bichos.
Se negras criam meus medos,
Lembranças dos relâmpagos,
Dos trovões sons de torpedos,
São as lembranças que trago.
A crença nas Folhas de Ramos,
Num fogão a lenha queimadas,
A fé que reduzia todos os danos,
Sta. Bárbara cessa as trovoadas.
Se elas se vão, vem o Céu azul.
Na beleza anil vem inspiração,
Em belos poemas de norte a Sul
Inquietação pela sua tradução.
Menino com suas lembranças.
O medo do corisco sob a cama,
Fogem dos espelhos as crianças,
Do raio do Céu vinha o drama.
Amo as com forma de sorvete,
Superpostas na beleza algodão,
Às vezes como lindo ramalhete,
Estas emolduram a recordação.
Toninho.
14/03/2014
1-Corisco: Faísca elétrica, centelha que ocorre por ocasião de trovoada. Dizia-se por lá que quando ele desce (com seu machadinho) na terra e faz seus estragos, como rachar uma arvore ao meio ou matar pessoas, animais, que o danado ainda volta um dia para pegar seu machadinho. Nosso segundo medo era sua volta.
2-Itabira é uma cidade em cima de uma jazida de minério de ferro, o que faz os trovões e raios mais intensos e assustadores. Nós crianças fomos educados amedrontados a não ficar perto de espelho, peças inox e janelas. Ficar debaixo de arvore nem pensar. Nem nos talheres tocava em dias de chuvas. Certa vez um raio desceu na vila que morávamos e matou cinco pessoas de uma família. Assim nosso medo era latente e debaixo da cama muitas vezes nos escondíamos destas intempéries.
3- Os ramos usados na procissão de Ramos eram guardados que secavam e críamos que durante uma tempestade, eram colocados no fogo para amenizar os raios e trovões.
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