RESTOS DE MEMÓRIA

Diante de ti ó palco dos mocinhos
Me transporto no tempo,
Em segundos aos anos 60!...
Me sinto sentado ali... bem ali...
Numa cadeira qualquer,
No centro da coluna direita...
As luzes se apagam e dão lugar à penumbra,
A música de espera cessa,
A da projeção começa...
Vem o rangir das cadeiras
Por corpos que ali se ajeitam...

Os farrapos da tela se esvaem
E ela inteira se faz,
Bege e bela a receber a imagem...
Bang-bangs me atraem,
Carlitos me faz rir...
Moby-dick me encanta...
Ecoa na sala o clássico grito
De um Tarzan em preto e branco
Correndo, saltando e nadando
E Johnny Weissmüller também se acabou!...

Sou criança, menino,...
Sou adolescente!
Em mesmo instante sou tudo
Tenho na boca uma chita
A bala da época
Tenho na mão a mão da menina!...
Ah! ... a menina...
Enedina o nome dela!
Tenho na mente o seu sorriso,
O gosto do beijo que me fez corar,...
Coração disparado na despedida
E o mesmo gosto salgado das lágrimas sinto agora!...
Por onde andará Enedina?... Não sei!
Na verdade não sei ao certo
Das coisas que o tempo tentou apagar!