EU CRIANÇA

EU CRIANÇA

Com palavras simples e belas...

Ninando criança,

Com canções puras, singelas:

“Nana nenê... Mamãe tem que fazer...”.

“Atirei o pau no gato-to, mas o gato-to...”

“Se esta rua, se esta rua fosse minha...”.

“O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada...”.

Cantaria dia e noite... Cantaria noite inteira...

Atirando o pau no gato... Calçando ruas com pedrinhas de brilhantes

Juntaria rua com rosas... Cravos e roseiras.

Ninaria novamente a criança que dormiu e não percebeu:

Que mamãe cozeu costura...

Que atiraram o pau no gato...

Que calçaram ruas com brilhantes...

Que o cravo saiu ferido... E que a rosa chorou.

Aquela criança se foi... Hoje... Madura... Tenra, com mais idade...

Dormiu e não percebeu...

Que a cabeça tinha repouso no ombro da mãe... Do pai... Dos irmãos...

Essa criança envelheceu... Essa criança chorou...

“Põe a tua cabecinha no meu ombro e chora...”.

A criança sonhou... O sonho findou... O homem acordou...

A vida passou... Tudo acabou.

Acabaram-se as cantigas de ninar:

Os ombros se foram...

Os gatos fugiram...

As ruas já não existem mais...

Os cravos e as rosas se despedaçaram... Separaram.

“Criança feliz... Feliz a cantar... Alegre embalar... Teu sonho infantil...”

Aquela criança feliz... Não existe mais...

Agora... Tudo se desfaz... Perfaz... Jaz.

Tudo acabou... Aquela criança não volta mais!

Pois, tudo se foi... Tudo ficou para traz.

Relendo o passado percebo que... Agora...

Resta apenas esta criança de mais idade...

Restam somente... Saudades.

Miguel Aparecido Teodoro