Terra do Nunca

Tudo muda

Mas os ecos fantasmagóricos permanecem malditamente iguais

Não sou mais criança

Não posso entrar na Terra do Nunca

E não posso voar com o pó mágico das fadas

Não sou uma heroína

E salvar o mundo não é tão fácil assim

Não sou uma princesa

E o felizes para sempre é ilusão

Tudo muda

As fagulhas de uma nova era se espalham

Mas eu ainda estou congelando

Em meus temores e dúvidas insanas

Quero voltar para a Terra do Nunca

Mas a porta está fechada

Quero viver uma aventura

Mas as correntes da rotina se prendem em meu tornozelo

Quero achar a felicidade

Mas sequer sei onde procurar

Tudo muda

Mas as mesmas lágrimas contidas

Permanecem afogando-me de dentro para fora

Não tenho motivos para chorar

Mas de que importa

Se os motivos para sorrir não alcançam

Meu coração indiferente e congelado?

A criança que fui morreu

Para sempre exilada da Terra do Nunca

E a carcaça que restou

Não é muito boa com aventuras

Tudo muda

E o tempo não para

Do lado de fora da Terra do Nunca

Os ecos reverberam, gritantes

E nunca senti tanta falta da solidão

Morri em minhas aventuras

Devorada pelos tubarões

Que rodeavam a prancha do Capitão Gancho

Não posso voltar para a Terra do Nunca

E a realidade me aguarda com suas garras ferozes