HIMALAIA
Teto do mundo.
Silencioso.
Flutuantes mistérios
neste ar rarefeito,
puro.
Um mosteiro lá em cima
ou será ilusão?
Imagino monges
orando,
meditando,
procurando chegar
à perfeição.
Eu aqui
em cima da pedra
sinto inveja.
Quero chegar lá,
entrar no milenar mosteiro
descobrir o mistério,
atingir a paz.
Mas não é possível,
não tenho pureza,
nem permissão.
A porta não será aberta.
Os segredos dos lamas
não serão para mim.
Paz não haverá
para quem nunca a concedeu.
O vento da cordilheira
começa a castigar
obrigando-me a descer.
Mas não quero
abandonar esta pedra.
Quero paz...!
O vento
parece dizer:
–Tua paz...
–É a paz dos sepulcros...!
Agosto 25, 1977. Katmandú - Nepal
Páginas da Memória Livro Inédito.