O ANEL

O ANEL

O anel estava em seu dedo;

Aquele bem pequeno da mão direita.

A vida estava em seu corpo alojada até a morte.

Essa última é águia esperta na espreita do dia.

Essa foi uma sorte igual à de todos.

E com ela a figura dócil e meiga se foi.

Mas uma chama no meu peito ardia.

A irmã saudade demorou, mas, finalmente ele me disse oi.

Essa mulher não me abandona mais!

A semente madura desceu ao chão.

Foi no ano passado que ele me deixou.

Foi na terra do caju que deitaram o seu caixão.

Essa despedida é difícil de ser esquecida.

Na minha praça não há mais crianças.

A cidade ficou menor.

Depois que a carruagem o levou.

Recordo-me dos dias juntos; são lembranças antigas.

Pai e filho compartilhavam o mesmo sonho.

O segundo era tão pequeno que em suas mãos se equilibrava.

E o mundo bem disposto rodava, rodava.

O menino cresceu e o deixou atrás.

O velho sobralense era forte demais.

Em seu peito havia a ânsia:

“Eu sei que ele voltará”.

Os dedos se foram,

O anel ficou.

Vejo as mãos que me afagaram; delas muito dependi.

Vejo um pai, e um amigo, dele nunca me escondi.

E o anel?

Ah, se eu pudesse eu o trocaria por aqueles dedos e por aquelas mãos; eu seria um sábio mercador...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 22/11/2013
Reeditado em 16/11/2016
Código do texto: T4582368
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.