Liberdade

O mundo parece um dálmata

Cheio de manchas negras

Ofuscando a luz do ambiente

E está difícil respirar

As forças já se esvaíram

E enquanto tento me manter de pé

Com uma teimosia insana

As imagens ao meu redor são confusas, etéreas

Ainda vejo seu sorriso

Maldito sorriso de intenções ocultas

E insisto em enxergar futuros

Num presente decadente

Construído sobre um passado ilusório

Eu nem estou mais aqui

Este contorno que vislumbram

Não passa de uma sombra pálida

Do que um dia foi uma arrogante rainha

Acabou

E é tão estranho, o fim

É tão estranho pensar

Que nunca mais voltarei

A todas as rotinas circulares

Que me prenderam como uma roda-gigante

Nunca antes desligada

Agora, peso menos que a poeira

E voarei com o vento

Cambaleando para longe dos seus sorrisos

Preparando-me para morrer longe de suas palavras

Nada mais que venha de você me importa

Para o fim, busco apenas um pouco de liberdade

Mesmo que o vento nostálgico ainda traga consigo

Aquelas memórias que sempre soaram tão fascinantes

Um lapso, um momento de distração

E estou de volta ao País das Maravilhas

A brisa em seu rosto

E sua voz animada iniciando uma canção

Alguma coisa sobre amor

Alguma coisa bela demais

Para eu acreditar que vem dos seus lábios

Nunca mais voltarei ao País das Maravilhas

Nunca mais ouvirei sua canção

Havia beleza neste leque de ilusões

Mas eu perdi minha máscara

E não consigo mais jogar

No fim, estou indo embora

No fim, sua canção estava errada

Pois só há liberdade sem amor