RECORDAÇÕES
Quando canta a voz da cigarra
Sei que vem o calor com seu dia
Sinfonia alegre me narra
Que de ouro tudo envolvia...
Borboletas bailando ao vento
Joaninhas... Não vejo há tempo
A libélula na poça d’água
Que reflete passado... Deságua...
... Sentimento em gotas que invade
O menino que narra... Que sente
As lembranças em uma semente
Que me brotam em flor de saudade...
Ah! Que coisa tão boa sentir
Um perfume em que me deleito
Ah! Que coisa tão boa sentir
A saudade batendo no peito...
Quando olho alto os pássaros
Alvorada revoa no céu
Em um céu azul de tom diáfano
Som Divino de um menestrel...
Vejo rosas robustas em cores
Tantas flores e tantos espinhos
Mas, alegres os animaizinhos
Logo me refazem das dores...
Lembro-me de toda brincadeira
E dos grilos da minha irmã
Batizados em língua estrangeira
Devorados eram de manhã...
Eram eles, Paul, Peter e John
Com seus nomes lá presos as linhas
O seu lar as roseiras então...
Eram sérias as brincadeirinhas...
Ah! Coitados deles às manhãs
Quando não, no papo das galinhas
Vão pras teias de aranhas vizinhas...
Meu adeus! Ao Paul, Peter e John...
E nas teias de aranha eu vejo
O orvalho condensando luz
Mesmo num olor de percevejo
Natureza beleza traduz...
Aracnídeo o teu desenho
Em teus raios que partem do centro
Com os círculos te envolvendo
Vi gotículas do teu talento...
... Nos meninos que tinham tristeza
Em um mundo, verde esperança
Mesmo à família indefesa
Riam quatro olhos de crianças...
Nas gotículas brilha o orvalho
Pelas teias das minhas memórias
Faz as lágrimas de que me valho
No baú de minhas histórias...
Nas crianças que via pequenas
Na infância cheia de esperanças
No quintal que valia a pena
Ser feliz! Ah, que bom ter lembranças!
Lembranças da minha infância e, do quintal de minha casa, que para mim era como um sítio (mesmo sendo pequeno - cerca de 250 m2).
nele se encontrava: cana-de-açúcar; bananeiras; pé de Romã; verduras diversas; Roseiras lindas... E os animaizinhos... E os grilos da minha irmã.