Tudo

Eu ouço socos, socos e murros querendo me ajudar

Mas quando o socorro já se torna obrigação

É melhor começarmos a andar sozinhos

E por favor, meu bem, não sente nesta cadeira

Não sente, não sinta, não seja

Não vá para o fundo

Nada. Nada até onde puder, meu amor

As ondas são fortes e não deixarão que volte

A morte é a ilusão de uma vida mal-sonhada

E a vida é o amor que corta nossos pulsos

E quando restar, existirá Nada.

Não consigo fugir da cabeça do louco que me sonha

Tento as janelas que estão trancadas

E olho para mim curioso como uma criança

E sinto minhas esperanças arrancadas

Berrando para me devolverem as lembranças

Nada.

Isolado na multidão de estranhos, eu ando

No meio da cidade, cheiro de borracha queimada

Os barulhos dos carros querendo te engolir

Pessoas que encontram no fundo do copo motivos,

Para beber mais

Pessoas que vivem a vida toda rindo,

De medo, de nervoso

Pessoas normais trajadas de loucas apenas

Por verem corretos

Pessoas bonitas sorriem na revista,

Fúteis, inúteis, estúpidas

E gargalho agora sentindo os ventos

Que lavam meus pecados, e seguram minhas mãos

Como amigos no salto da vitória

De quem fugiu de pessoas contaminadas

Pela doença do comum

E como todos os amigos bons,

Já sinto o abraço apertado do asfalto

E o último que recebo em minha vida.

Nada.

Luck Lima
Enviado por Luck Lima em 01/10/2013
Código do texto: T4506279
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