Tudo
Eu ouço socos, socos e murros querendo me ajudar
Mas quando o socorro já se torna obrigação
É melhor começarmos a andar sozinhos
E por favor, meu bem, não sente nesta cadeira
Não sente, não sinta, não seja
Não vá para o fundo
Nada. Nada até onde puder, meu amor
As ondas são fortes e não deixarão que volte
A morte é a ilusão de uma vida mal-sonhada
E a vida é o amor que corta nossos pulsos
E quando restar, existirá Nada.
Não consigo fugir da cabeça do louco que me sonha
Tento as janelas que estão trancadas
E olho para mim curioso como uma criança
E sinto minhas esperanças arrancadas
Berrando para me devolverem as lembranças
Nada.
Isolado na multidão de estranhos, eu ando
No meio da cidade, cheiro de borracha queimada
Os barulhos dos carros querendo te engolir
Pessoas que encontram no fundo do copo motivos,
Para beber mais
Pessoas que vivem a vida toda rindo,
De medo, de nervoso
Pessoas normais trajadas de loucas apenas
Por verem corretos
Pessoas bonitas sorriem na revista,
Fúteis, inúteis, estúpidas
E gargalho agora sentindo os ventos
Que lavam meus pecados, e seguram minhas mãos
Como amigos no salto da vitória
De quem fugiu de pessoas contaminadas
Pela doença do comum
E como todos os amigos bons,
Já sinto o abraço apertado do asfalto
E o último que recebo em minha vida.
Nada.