MINHA HISTÓRIA

Nasci numa choupana

Cresci em um engenho

A lida com a cana

Pedia muito empenho

Divertia no moinho

De milho e de café

Peguei carrapatinho

E também bicho de pé

Na capa de coqueiro

Escorregava no capim

Quero descer primeiro

Alguém falava assim

Arranhei na tiririca

Fui picado por aranha

Ao buscar água na bica

Tinha medo de ariranha

Também caí do cavalo

Comi amora silvestre

Agia como um vassalo

Seguia sempre o mestre

Gostava do mel de abelha

E ponto de rapadura

Levava puxão de orelha

Por causa de travessura

Apanhava de chicote

E com vara de marmelo

E até por um fricote

Batiam-me com chinelo

Mergulhei no ribeirão

Me enchi de sanguessuga

Ao sair o meu irmão

Pensou que fosse verrugas

Bebi cachaça quentinha

Na boca do alambique

Escondia uma latinha

Pra beber- olha o trambique

Corri do rastro de onça

E dos uivos de lobo

Diziam e uma vergonça

Este menino e um bobo

Busquei lenha na cabeça

Amarrada com cipó

Menino não me aborreça

Dizia sempre a vovó

Tirei leite e guiei boi

Arei terra na ladeira

Bom tempo que já se foi

Lembrança tão derradeira

Fiz tantas estripulias

Que não devo nem contar

Assim vivi as folias

Do meu eterno brincar

São marcas no coração

Quem viveu sabe o que é

Principalmente os irmãos

Filhos de Alice e Zezé

Antonio Carlos Duarte
Enviado por Antonio Carlos Duarte em 28/09/2013
Reeditado em 16/09/2014
Código do texto: T4502420
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