MINHA HISTÓRIA
Nasci numa choupana
Cresci em um engenho
A lida com a cana
Pedia muito empenho
Divertia no moinho
De milho e de café
Peguei carrapatinho
E também bicho de pé
Na capa de coqueiro
Escorregava no capim
Quero descer primeiro
Alguém falava assim
Arranhei na tiririca
Fui picado por aranha
Ao buscar água na bica
Tinha medo de ariranha
Também caí do cavalo
Comi amora silvestre
Agia como um vassalo
Seguia sempre o mestre
Gostava do mel de abelha
E ponto de rapadura
Levava puxão de orelha
Por causa de travessura
Apanhava de chicote
E com vara de marmelo
E até por um fricote
Batiam-me com chinelo
Mergulhei no ribeirão
Me enchi de sanguessuga
Ao sair o meu irmão
Pensou que fosse verrugas
Bebi cachaça quentinha
Na boca do alambique
Escondia uma latinha
Pra beber- olha o trambique
Corri do rastro de onça
E dos uivos de lobo
Diziam e uma vergonça
Este menino e um bobo
Busquei lenha na cabeça
Amarrada com cipó
Menino não me aborreça
Dizia sempre a vovó
Tirei leite e guiei boi
Arei terra na ladeira
Bom tempo que já se foi
Lembrança tão derradeira
Fiz tantas estripulias
Que não devo nem contar
Assim vivi as folias
Do meu eterno brincar
São marcas no coração
Quem viveu sabe o que é
Principalmente os irmãos
Filhos de Alice e Zezé