Silhueta
Ao longe na linha do horizonte, sempre...
Tua silhueta importuna minha mente!
Zomba do meu sangue quente
Em gestos frios... Como se fosse gente.
Tomo meu café gelado e amargo...
Do meu lado escuto teus passos largos
Preocupo-me com o toque e espasmos
De uma presença de mágoas.
Lembro do chocolate na camisa branca
E me ponho de volta ao arcabouço
Onde minhas mãos em tuas ancas
Nos levou ao fundo daquele poço.
E pouco a pouco em rapidez lenta
O inevitável aconteceu em meio a penumbra
Tal qual uma represa que se arrebenta
Perdi... A conquista que me deslumbra.
Agora vago nos teus rastros do passado
Buscando contentamentos e afagos
Vivendo sozinho e abandonado.
Lamentando o excesso de companhia e pena
Tentando construir novamente as cenas
De tua linda silhueta que me acena.