RELÓGIO DE FAMÍLIA

RELÓGIO DE FAMÍLIA

As coisas que trazemos de pai pra filho,

Nem sempre contam o que testemunharam.

Tenho um relógio “capelinha” estava parado.

Mandei conserta-lo e funciona perfeitamente.

Quando ouça o seu badalar das horas,

Ou um simples tocar das meias,

Venho a imaginar o quanto despertou

Meus avós, tios, criadas, e vizinhos.

Seu som insignificante dizia a hora,

Da chegada do vovô do Banco.

Da tia Maria Eliza para a escola,

Pois seus alunos a esperavam.

Das visitas que fazíamos à vovó!

Comendo roscas assadas a lenha,

Retiradas depois do aviso do relógio.

Comer quente da dor de barriga dizia a vovó.

Mas de todas essas informalidades,

Duas eram muito solenes, me lembro bem.

A do meio-dia e a das seis, hora da Ave-Maria!

Vamos todos rezar o Ângelus, com o Papa.

Era a Igreja toda unida, os Conventos,

As Igrejas a repicarem seus Sinos,

Anunciando a chegada da Ave-Maria.

E a rádio Gazeta tocava a sirene.

Quanta recordação nos traz essas badaladas!

Valeu o preço do conserto, e a dificuldade,

No ajuste do seu prumo na parede,

Do prego achado no muro em que ficou.

Agora entendo quando ouço dizer é meio-dia.

È meia-noite, vamos nos alimentar, quer seja,

Fisicamente ou mentalmente o nosso sustento.

Está na hora das horas marcadas, badaladas!

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 23/08/2013
Reeditado em 31/08/2013
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