Sonho Gaudério
Ah! Esse Gaudério...
A saudação a um gaúcho,
Do abraço ao aperto de mão,
Um gesto sem “luxo”;
Do “buenas tarde” ao aceno, um cumprimento,
Num mundo, tão colorido, onde tudo carece de cor.
Ah! Esse Gaudério...
Acolhe qualquer tropeiro ou gaiteiro,
Que tenha boa intenção,
É só “bolear a perna” e chegar,
Pra perto do fogo e prosear,
Tomando um bom chimarrão.
Ah! Esse Gaudério...
Do “pealo” ao “tiro de laço”,
Ou boleadeiras lançado a braço,
Derruba qualquer animal,
Alça a perna em pelo e a “trotezito”,
Sai levando só com o “buçal”.
Ah! Esse Gaudério...
Como patrão sempre à frente
Recomendando a peonada:
Não deixe a rês refugar
Solte o laço e vá “pealar”,
Senão ela te esculacha.
Só o gaúcho que escora é que
Pode usar bombacha.
Ah! Esse Gaudério...
Somos poetas, tendo dentro da alma eternamente,
Os versos que não saem,
Os versos da alma Gaudéria que olha,
Para os lados e conta nos dedos, nos poucos restantes,
A viva lembrança do sonho “Gaudério”.