Meu Menino E O Trevo

Um menino de gestos meigos.

Sempre disposto à obedecer.

Acariciava quem tanto lhe amava.

Simplesmente por prazer.

O tempo ia passando rápido.

Onde se encontra aquele bebê ?

Ficou lá atrás,

em tão pouco tempo.

Agora é hora de aprender...

Veio então o jardim de infância.

Logo após o maternal.

Mesmo assim,

imbuído de sonhos

sua vida

só prazer.

Inesperadas perguntas.

Inesperadas respostas.

Sobretudo,

e todos os dias.

Vieram então as lagrimas.

Dos gestos descontentes.

Perguntas volta e meia.

Meia volta eu dava,

em frente

conciliando a questão.

Tive a grata surpresa.

Dentre tantas outras

então.

-Mamãe,

você é uma flor.

E eu te amo !

Mas me explica:

Por quê não posso

estudar só outras

coisas ?

Não gosto do português.

Quem inventou isso ?

Respondi com outra pergunta:

Mas qual o português ?

-Este aqui oh!..

Olhei a cartilha,

dei meia volta ao mundo.

em segundos, voltei.

Respondi: querido...

Sem a língua portuguesa,

não aprenderá

outras matérias.

Testa franzida,

lágrimas de choro.

Mas nada de guarida.

Os dias passavam.

As coisas difíceis

ficavam.

Mas o milagre,

aconteceu...

Vinhamos rua afora

caminhando lentamente.

O menino descontente.

Olhavamos para o chão.

Eis, que vejo um um trevo.

Quatro folhas tenras

e verdejantes.

sem titubear abaixei

retirando a maior.

Presenteei o meu menino...

Inventei uma estória.

Sobre a sorte,

de um estudante.

Ele,

a guardou com tanto

esmero em seu livro.

E nunca mais reclamou.

A olhava todos os dias.

Sorria,

até que folha secou.

Mesmo assim permaneceu

aquela estória,

que inventei.

Em bela história se tornou.

Guardada já em forma de pó.

Ainda assim,

se conservou.

Aprendeu literatura.

Ainda que meio castelhana.

Sendo filho de peruano

com uma brasileira,

é um bom

Brasperuano.

Ou então,

Perúsileiro.

Gracia Fernandez
Enviado por Gracia Fernandez em 20/08/2013
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