Melancólica
E um dia ao revirar as páginas do álbum digital,
surge a saudade de tempos não vividos.
Uma memória alheia que te causa dor, uma dor que soterra
pois a jovialidade da sua vida já se foi.
Ao juntar os cacos da inocência, sangue brota das feridas
e lágrimas dos olhos, outrora inocentes, hoje incapazes de sorrir.
O mundo gira e com ele os anos rodopiam como carrosséis, subindo e descendo, apenas matando o tempo, com uma morte lenta e pesarosa.
A garotinha de meias 3/4 brancas e sapatos colegiais,
espera pelo ônibus de cor amarelo ouro sem saber se um dia este voltará.
Perdida ali com seus cabelos esvoaçantes e desarrumados
após o dia cansativo na escola, esperando ansiosamente pelo futuro, um futuro onde esta será a 1ª bailarina do balé russo, ou a 1ª astronauta, o futuro que, mal sabe, não existirá.
O céu chora por ela, pequenas gotas de dor, decepção.
Sem saber, a garotinha larga a mochila e começa dançar despreocupadamente na chuva.
Dança docemente no temporal, um ritmo diferente, nem tão lento, nem fugaz.
A doçura da inocência, a inveja da melancolia.