( Meu esposo pescando no velho rio Paranaíba)
A ESPERANÇA FINDA...
Eis que os dias ficaram mais incertos;
A esperança é quase um árido deserto
sem o calor de tuas mãos às minhas...
Da encosta seca olho as águas do velho rio;
Não vejo seus apetrechos de pesca... Oh! Vazio!...
Sopra o vento de junho... Mas a vida caminha...
Sob a limpidez do céu já não sinto emoção;
A brisa é triste... o ar frio congela o coração
apesar do cerne exposto na seiva do pranto;
Só, sigo pela trilha que teus pés firmes trilharam,
na esperança das lembranças felizes que restaram;
Não há rastros... Sem ti tudo perdeu o encanto.
Os vestígios viraram pó... O tempo te levou
por outros caminhos... A vara de anzol se quebrou;
Só ficou uma dor tênue e imagens retorcidas
de um passado sucumbido junto c’a luz de teu sol
que parece ter partido sem o brilho do arrebol.
Fico imóvel... A esperança aos poucos se finda.
(Poema em alusão a minha última visita ao velho rio Paranaíba em agosto do ano passado. Foi uma visita bem rápida e nem deu para atravessar para a ilha porque as águas ainda estavam um pouco profundas. Do barranco fiquei olhando o lugar onde meu esposo gostava de pescar. O sol descambava. Os galhos das árvores faziam sombras nas águas e fazia um tempo ainda bem frio. Estremeci ao olhar para a grande pedra perto do remanso de onde ele lançava seu molinete. Ele adorava pescar mandim. Era como se eu o visse lá. A última vez foi em setembro de 2007. Enquanto ele pescava eu me banhava ou andava e tomava sol na prainha da pequena ilha. Ou ficava olhando as garças e os patos silvestres. Jamais me esquecerei desse belo dia porque foi o último e também porque, talvez nunca mais teremos dias como esses. Meu esposo fica cada dia pior das pernas.Mal sai para a varanda e quando arrisca ir mais longe eu tenho que ancorá-lo. Está com neurite periférica porque é diabético e bebe muito. E como ele não quer parar de beber, as esperanças vão se findando. Mas naquele dia em agosto do ano passado quando lá estive sem meu esposo fiz um esforço para não chorar porque estava com meu irmão e não queria ouvir críticas e então apressei-me a subir a trilha no barranco e retornar pela velha trilha poirenta por onde tantas vezes eu e meu esposo passamos de mãos dadas rumo ao velho rio. Essa poesia é um desabafo. Mas não vou chorar. Cansei... )
A ESPERANÇA FINDA...
Eis que os dias ficaram mais incertos;
A esperança é quase um árido deserto
sem o calor de tuas mãos às minhas...
Da encosta seca olho as águas do velho rio;
Não vejo seus apetrechos de pesca... Oh! Vazio!...
Sopra o vento de junho... Mas a vida caminha...
Sob a limpidez do céu já não sinto emoção;
A brisa é triste... o ar frio congela o coração
apesar do cerne exposto na seiva do pranto;
Só, sigo pela trilha que teus pés firmes trilharam,
na esperança das lembranças felizes que restaram;
Não há rastros... Sem ti tudo perdeu o encanto.
Os vestígios viraram pó... O tempo te levou
por outros caminhos... A vara de anzol se quebrou;
Só ficou uma dor tênue e imagens retorcidas
de um passado sucumbido junto c’a luz de teu sol
que parece ter partido sem o brilho do arrebol.
Fico imóvel... A esperança aos poucos se finda.
(Poema em alusão a minha última visita ao velho rio Paranaíba em agosto do ano passado. Foi uma visita bem rápida e nem deu para atravessar para a ilha porque as águas ainda estavam um pouco profundas. Do barranco fiquei olhando o lugar onde meu esposo gostava de pescar. O sol descambava. Os galhos das árvores faziam sombras nas águas e fazia um tempo ainda bem frio. Estremeci ao olhar para a grande pedra perto do remanso de onde ele lançava seu molinete. Ele adorava pescar mandim. Era como se eu o visse lá. A última vez foi em setembro de 2007. Enquanto ele pescava eu me banhava ou andava e tomava sol na prainha da pequena ilha. Ou ficava olhando as garças e os patos silvestres. Jamais me esquecerei desse belo dia porque foi o último e também porque, talvez nunca mais teremos dias como esses. Meu esposo fica cada dia pior das pernas.Mal sai para a varanda e quando arrisca ir mais longe eu tenho que ancorá-lo. Está com neurite periférica porque é diabético e bebe muito. E como ele não quer parar de beber, as esperanças vão se findando. Mas naquele dia em agosto do ano passado quando lá estive sem meu esposo fiz um esforço para não chorar porque estava com meu irmão e não queria ouvir críticas e então apressei-me a subir a trilha no barranco e retornar pela velha trilha poirenta por onde tantas vezes eu e meu esposo passamos de mãos dadas rumo ao velho rio. Essa poesia é um desabafo. Mas não vou chorar. Cansei... )