Lembranças comovidas
O poeta do vento leste
Diante do mar em rubro sol aceso
Leu para mim os seus poemas marítimos.
Sob os olhares dos líricos
Balcões da velha Macau.
Todavia, a presença das velas e dos sextantes,
Dos litorais de todas as distâncias macauenses,
Do sal, do sul, das luas que festejam suas salinas,
Ainda reverberam a luz de outras
Tardes de metais aos largos ventos.
São canções audíveis, são lembranças,
São mensagens aos amigos, tentativas de entendê-los;
Intertextualizados, redivivos pela linguagem
Rítmica do coração do poeta,
Onde o claro sino ainda se escuta;
As juremas em flor abrem as suas galharias
De encontro a um azul de outros dias.
E são imagens repetidas, vazantes luminosas,
Cata-ventos e velas brancas dos barqueiros
Que fazem a canção do poeta mais amena,
Nas ilhargas das lembranças comovidas.