Luar Minguante
Eu pensei que teus olhos
Fossem iguais as estrelas cintilantes
E o luar
Que sempre me acompanharam
Na minha canoa
Na minha vila
Nas veredas do roçado
Viajando na Maria-Fumaça
Nunca pensei que a rosa
Entrançada nas tuas tranças
Fossem ficar entranhada
Nas minhas lembranças
E que teu olhar mais lindo
Que o luar a minguar
Devorando a estrela do amor
Fossem naufragar naquela
Madrugada
Aquela flor selvagem machucada
Que me destes com as mãos
Trêmulas molhada pela chuva
Virou um animal feroz
Que agatanha meu coração
Urra esmurra dentro de mim
Com o seu amolado olhar
Eu perdi o canivete
Que cortamos nossos dedos
A figurinha de chiclete
Que dividimos lá na ponte
Mas o horizonte azul carmim
Guardei dentro de mim
Mesmo depois que morrestes
Brotariam melancólicas lágrimas
Nos ápices do meu olhar
E que são versos no lápis
De o meu poetar
Hoje ando nas curvas ocidentais
Labirintos de cimentos
Cavernas de metrôs
Vestígios neantherdais
Cantos gritos detritos dos pardais
Poetrix mandrix metrix haicais
Acidentados e profundos cais
Ainda te procuro
Mesmo sabendo que viajamos em mundos
Diferentes
E que nunca mais vamos nos encontrar
E que andaremos para sempre separados
[ ... ]
Luiz Alfredo - poeta