As vozes dos Animais

Palram pega e papagaio

E cacareja a galinha;

Os ternos pombos arrulham,

Geme a rola inocentinha.

Muge a vaca berra o touro;

Grasna a rã; ruge o leão;

O gato mia; uiva o lobo,

Também uiva e ladra o cão.

Relincha o nobre cavalo;

Os elefantes dão urros;

A tímida ovelha bala;

Zurrar é próprio dos burros.

Regouga a sagaz raposa

(Bichinho muito matreiro);

Nos ramos cantam as aves;

Mas pia o mocho agoreiro.

Sabem as aves ligeiras

O canto seu variar;

Fazem às vezes gorjeios.

Às vezes põem-se a chilrar.

O pardal daninho aos campos

Não aprendeu a cantar;

Como os ratos e as doninhas,

Apenas sabe chiar.

O negro corvo crocita;

Zune o mosquito enfadonho;

A serpente no deserto

Solta assobio medonho.

Chia a lebre; grasna o pato;

Ouvem-se os porcos grunhir;

Libando o suco das flores,

Costuma a abelha zumbir.

Bramam os tigres, as onças;

Pia, pia o pintainho;

Cucurica e canta o galo;

Late e gane o cachorrinho.

A vitelinha dá berros;

O cordeirinho balidos;

O macaquinho dá guinchos;

A criancinha vagidos.

A fala foi dada ao homem,

Rei dos outros animais.

Nos versos lidos acima,

Se encontram, em pobre rima,

As vozes dos principais.

Homenagem a Pedro Dinis, poeta que deixou este poema no livro escolar da 4ª classe da minha infância.

Lorde
Enviado por Lorde em 31/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
Código do texto: T4318113
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