TEMPO DE INOCÊNCIA

Não ouço mais vozes, risos,
Não vejo mais olharzinhos indecisos,
Tremores nas mãos, na brincadeira,
De passa anel,
Não ouço mais cantigas belas, ternas,
“Vamos dar a meia volta, meia volta vamos dar”,
Não vejo mais os moveres de pernas,
Em volta da fogueira,
Encantada maneira de dançar, de sonhar...
Não vejo mais aqueles reflexos nas retinas,
Dos meninos, das meninas,
Perplexos ante a sublime lua faceira.
Solta na infinidade do céu.
Hoje, solitária transparência,
Da lua na madrugada,
Procura... nas tantas esquinas,
Aquele tempo de alegria, de inocência,
Mas, como eu, não encontra nada.