PARA SEMPRE CASA NOVA

PARA SEMPRE CASA NOVA

Recordar-se da “velha Casa Nova”
é brincadeira que não tem fim
Começa-se com uma lembrança
E segue-se
arrastando-se na mente
um novelo
Chega-se a tocar com os dedos
dos sentimentos
o Morro o Riacho e o Tabuleiro.

A feira do riacho
mesmo nascendo todo sábado
era sempre uma grande novidade
aglomerava-se em festa
o povo da “caatinga” e da cidade

Mesmo com o sol a pino
mulher homem e menino
deixavam o suor jorrar
a força
do povo nordestino

As bicicletas, meio de transporte
Carregavam enfeites e bandeirolas
Os feirantes e o povo
Comércio
“caninha” e viola

Do riacho para o morro
Passava-se pelo tabuleiro
E na porta da igreja
com o olhar afiado
as moças procuravam
a presença do amado
Ou ainda que fosse
um simples recado.

E as músicas dedicadas pelo alto falante?
Era a rádio local
Tocando nos corações
Em ritmo hilariante.

É que a noite,
a festa ia acontecer
O conjunto “era de fora”
Zeinho garantira:
Contratara a melhor banda da hora.

Na porta do centro social
Vendia-se “cachorro quente”
à moda do sertão
Moía-se carne de boi
E recheava-se deliciosamente o pão.

Nos domingos de festa ausente
A pista do morro transformava-se em passarela
Desfilavam esbanjando charme
as tão formosas donzelas

Como toda cidade pequena
As novidades espalhavam-se em pólvora
rapaz comprometido
tinha que ser acomodado
a confusão tava feita
caso olhasse pro lado

Juazeiro e Petrolina
Íntimos de Casa Nova como irmãos
Era pegar a combi azul de seu Antonio
e lá se ia a excursão...

e assim de feira em feira, de festa em festa
felicidade colhia-se em goiabeira

Um dia porém
o ventou noticiou:
Isso tudo vai mudar,
a barragem do Sobradinho está prestes a chegar
Pensou-se até que era boataria
criada pra amedrontar
mas com o tempo precisou o nosso povo
a essa verdade se acostumar

Quem não se recorda da festa de despedida?
A famosa “festa de maio”
Três dias de dança
Hoje sei ,
Aquilo era da mudança
o ensaio

Fomos aos poucos acreditando...
e muitas vezes a tristeza se instalando
Houve até desespero
famílias se desintegrando

Alguns foram pra São Paulo
outros para regiões vizinhas
muitos permaneceram
a presenciar o fim daquela linha

Transferidos para local diverso
Fomos atingidos em nossa identidade
Ninguém sabia nem como chamar
Se de Casa Nova nova, ou de Nova Cidade.

Contudo,
O tempo mostrou que povo Casanovense
É de todo guerreiro
Ergueu a cabeça
Manteve a sua essência
e ainda recebeu
de braços abertos
os “forasteiros”

Orgulho-me ao ver públicas manifestações
de amor àquela terra
Que mesmo demolida
povoa eternamente os corações
Que calada
ainda entoa
as mais lindas canções

Orgulho-me quando vejo jovens
Interessando-se pela história do seu povo
Valorizando conquistas e percebendo
Que mesmo amando o velho,
É possível adaptar-se
e ser feliz no novo .
Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 17/04/2013
Código do texto: T4245436
Classificação de conteúdo: seguro