VOVÓ AMELINHA
Paisagens existem para serem lembradas;
Pessoas existem para serem amadas,
Lembradas com um amor que não se entende,
Mas que é toda a verdade,
Toda a felicidade,
E toda a eternidade que existe na gente!
Pessoas são sementes que plantamos no coração;
Umas germinam, crescem,
E frutificam na estação da amizade!
Outras germinam, mas fenecem,
E ficam na frialdade do chão,
Porque não havia o insumo da sinceridade!
Manhã de céu aberto, era mais um dia,
Um dia igual a todos os dias da minha infância,
Da minha infância que era feita de alegria,
Alegria que ainda recordo
Hoje em dia, nas manhãs em que acordo
Com o olhar perdido na distância!
A saudade me faz lembrar de vovó Amelinha,
Sentada à sombra de uma laranjeira...
Cinco anos de idade eu tinha
Naquela manhã de quarta-feira!
Com a sua voz baixa e carinhosa,
Ela me contava a história
De Branca de Neve e os Sete Anões,
Que nunca mais me saiu da memória,
E me presenteava com belas emoções...
Quanto de Deus havia naquela alma generosa!
Não sabia eu que no domingo
A luz da minha avó na Terra chegaria ao fim;
Todavia, o amor que nos unia era tão lindo,
Tão luzente, e tão coroado de paz,
Que as mãos ligeiras do tempo jamais
Ousaram tirá-lo de mim!