Águas de Março

Águas De Março.

Nos meus tempos de menino,

Andando pelo sertão

Eu vi fome, vi miséria,

E açude virar torrão.

Onde antes tinha água

Agora é terra rachada;

Fome e seca matando gente

E quem pode, não faz nada.

A criação se definha,

Quem aguenta é retirante,

Vi morte na retirada,

No sol quente e escaldante.

Os bandos de arribação,

Asa branca, zabelê,

Bate asas pra outras bandas

Em busca do que comer.

E quem não pode voar,

Sem jeito, o jeito é ficar,

Na penitência da fome

Esperando a chuva chegar.

Joga a semente no pó da terra,

A esperança não morreu;

Chegam as águas de Março

A penitência valeu.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 16/03/2013
Código do texto: T4191591
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