NÃO SEI MINHA CRIANÇA...
Não sei minha criança,
Porque a lembrança
Entrava,
Quando do abismo d’alma,
Já tombaram os meus olhos
Da remota esperança.
Não sei minha criança,
Porque a lembrança,
Canta incauta
Em meus sonhos,
Sendo que ninguém a viu nascer.
Muito embora,
Do lume dos teus olhos,
Veja a lava vulcânica nascer
Como águias de fogo,
D’um reino eterno de luz
E glorioso significado,
Claros e sem segredos.
Mas ao fechar os meus
Retorna-me a dor,
Na escuridão,
A levar-me teus olhos,
Numa distância
Sem fronteira,
Perdida na vertigem
De um tempo que é sem volta...
Ah, não sei minha criança,
Não sei quantas vezes morrerei
Ao seu lado.