Rebentos de mim
Eu alheia fui vivendo a vida
Sem perceber que momentos
São jóias únicas
Que precisam serem vividos intensamente
Sorvidos a cada gota
Regados com o licor feito da ternura mais pura
Deleitados em cada abraço
Em cada sorriso
Cada gargalhada
Saboreados em conversas infindas
Sentidos com a alma
Cuidados como os bebês
Porque momentos são rebentos
Em busca do agasalho do amplexo
Do calor do nosso bem querer
É necessário percepção
Para que eles não sejam despercebidos
Zelar por eles
Festejar sua chegada com a mesma alegria
Com que recebemos os recém-nascidos
Fui dispersa
O que fez do abraço apenas um único momento
Do sonho apenas uma estação passageira
Agora aqui
Que dó de mim
Que não entendi
Que precisava ter tecido a vida
Para que a cada dia ela se renovasse com as boas vindas
Do maravilhoso milagre da existência
De tantos preciosos momentos
Que foram dispersos pela minha insensatez
Só agora sei que perdi
Tantos rebentos de mim
Glorinha Anchieta – GG
Madrugada de outono
29/05/2008